quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Dois malucos no pedaço



Se segurem, o Festival de Veneza virou o palco das novas peripécias dos dois maiores cineastas norte-americanos da atualidade. Primeiro, Michael Moore, com seu habitual rigor marqueteiro que vem aí com mais uma obra contundente que dessa vez vai alertar a humanidade sobre o cancêr capitalista que criou uma sociedade de consumo. Após a exibição de "Capitalism: A Love Story", o diretor saiu-se com essa:

"O capitalismo é mau, e você não pode regular a maldade. Você deve eliminá-lo e substituí-lo por algo que é bom para todas as pessoas, e este algo é a democracia."

Palmas para o gênio!!!! Resta saber como ele chegou à conclusão de que democracia é um sistema econômico. E já que o capitalismo é tão nocivo, jogue seus filmes na internet, Michael Moore, em vez de utilizar a ampla rede de distruição e exibição bancada pelos estúdios americanos. Mais, devolva o seu Oscar, prêmio máximo da indústria cinematográfica americana, sustentada e difusora do capitalismo americano.

É, coerência não é o forte de certos artistas mesmo.



Outro obtuso que deu às caras em Veneza foi Oliver Stone. Há anos sem entregar um filme que preste, Stone ataca agora de documentarista. Em "South of the Border", Stone fez a próxima propaganda eleitoral de Hugo Chavéz como "uma resposta à hostilidade gratuita da mídia internacional contra Chavéz", como disse o próprio diretor. Questionado sobre a (falta de) isenção do filme, o democrata Stone disse: "Por que buscar o lado negro quando o sujeito faz coisas boas?"

Vai dizer isso para os venezuelanos que estão sofrendo com a escalada da inflação e da violência...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009


Oscar Arias


Segue abaixo o discurso que Oscar Arias, presidente da Costa Rica, fez na Cúpula das Américas em abril deste ano. Um fio de racionalidade em meio a tantas bravatas proferidas pelos três patetas Chavéz, Correa e Morales.
Num continente acostumado a culpar os outros pelos seus fracassos, o discurso de Arias soa mais que simplesmente esclarecedor, serve de exemplo. É só olhar para o país que ele governa.



“ALGO HICIMOS MAL” = “FIZEMOS ALGO ERRADO”


Tenho a impressão de que cada vez que os países caribenhos e latinoamericanos se reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América, é para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas. Quase sempre, é para culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros. Não creio que isso seja de todo justo.

Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes de que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades desse país. Não podemos esquecer que nesse continente, como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais: todos eram pobres.

Ao surgir a Revolução Industrial na Inglaterra, outros países sobem nesse trem: Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, mas aqui a Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa, e não nos demos importância alguma.

Certamente jogamos fora a oportunidade.

Há também uma diferença muito grande. Lendo a história da América Latina, comparada com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve um John Winthrop espanhol ou português, que viesse com a Bíblia em sua mão disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse, como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos…

Há 50 anos atrás o México era mais rico que Portugal. Em 1950, um país como o Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que o da Coréia do Sul. Faz 60 anos, Honduras tinha mais riqueza per capita que Cingapura, e hoje Cingapura em questão de 35 a 40 anos é um país com U$ 40.000 de renda anual por habitante.

Bem, algo nós fizemos mal, nós os latinoamericanos.

Que fizemos errado? Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal. Para começar, temos uma escolaridade de 7 anos. Essa é a escolaridade média da América Latina e não é o caso da maioria dos países asiáticos.

Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar à dos europeus. De cada 10 estudantes que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só um termina esse nível secundário. Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.

Nós temos países onde a carga tributária é de 12% do produto interno bruto e não é responsabilidade de ninguém, exceto nossa, que não cobremos dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos países.

Ninguém tem a culpa disso, a não ser nós mesmos.

Em 1950, cada cidadão norteamericano era quatro vezes mais rico que um cidadão latinoamericano. Hoje em dia, um cidadão norteamericano é 10, 15 ou 20 vezes mais rico que um latinoamericano. Isso não é culpa dos Estados Unidos, é culpa nossa.

No meu pronunciamento desta manhã, me referi a um fato que para mim é grotesco e que somente demonstra que o sistema de valores do século XX, que parece ser o que estamos pondo em prática também no século XXI, é um sistema de valores equivocado. Porque não pode ser que o mundo rico dedique 100.000 milhões de dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do mundo “num planeta que tem 2 bilhões 500 milhões de seres humanos com uma renda de U$2 por dia” e que gaste 13 vezes mais ($1.300.000.000.000) em armas e soldados.

Como disse esta manhã, não pode ser que a América Latina gaste $50.000 milhões em armas e soldados. Eu me pergunto: Quem é o nosso inimigo?

Nosso inimigo, presidente Correa, desta desigualdade que o Sr. aponta com muita razão, é a falta de educação; é o analfabetismo; é que não gastamos na saúde de nosso povo; que não criamos a infraestrutura necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos; que não estamos dedicando os recursos necessários para deter a degradação do meio ambiente; é a desigualdade que temos que nos envergonha realmente; é produto, entre muitas outras coisas, certamente, de que não estamos educando nossos filhos e nossas filhas.

Quando alguém vai a uma universidade latinoamericana, parece que estamos nos anos sessenta, setenta ou oitenta. Parece que nos esquecemos de que em 9 de novembro de 1989 aconteceu algo muito importante, ao cair o Muro de Berlim, e que o mundo mudou.

Temos que aceitar que este é um mundo diferente, e nisso francamente penso que os acadêmicos, que toda gente pensante, que todos os economistas, que todos os historiadores, quase concordam que o século XXI é um século dos asiáticos não dos latinoamericanos.

E eu, lamentavelmente, concordo com eles. Porque enquanto nós continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre todos os “ismos” (qual é o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, socialcristianismo…) os asiáticos encontraram um “ismo” muito realista para o século XXI e o final do século XX, que é o *pragmatismo*.

Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Coréia do Sul, depois de ter-se dado conta de que seus próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado na Grande Marcha: “Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que cace os ratos”. E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo quando disse que “a verdade é que enriquecer é glorioso”.

E enquanto os chineses fazem isso, e desde 1979 até hoje crescem a 11%, 12% ou 13%, e tiraram 300 milhões de habitantes da pobreza, nós continuamos discutindo sobre ideologias que devíamos ter enterrado há muito tempo atrás.

A boa notícia é que isto Deng Xiaoping conseguiu quando tinha 74 anos. Olhando em volta, queridos presidentes, não vejo ninguém que esteja perto dos 74 anos. Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer as mudanças que temos que fazer.


Muchas gracias.”

terça-feira, 18 de agosto de 2009

...E o bispo se manifesta

Entrevista dada a Edir Macedo ao jornalístico Repórter Record, da própria Record.

Parte 1


Parte 2


Parte 3



"Minha consciência está limpa, tranquila, transparente."

Depois de tanta lavagem, estranho era se não estivesse.

sábado, 15 de agosto de 2009

O que não ensinam na faculdade de jornalismo (em tese)...



Mais um destino para o dízimo dos fiéis da Univer$al

sexta-feira, 14 de agosto de 2009



Marina virou tucana?

De fato, está bem interessante a cobertura que alguns veículos estão dando à possível candidatura presidencial de Marina Silva. Apesar de realmente surgir como uma boa, excelente até, alternativa à polarização PT/PSDB que deve dominar as próximas eleições, não deixa de ser curiosa a forma como hoje ela é tratada pela Veja, por exemplo, que não cansou de bater na ex-ministra enquanto ela estava à frente da política ambiental do governo Lula, e agora a trata de forma tão mais mimosa, não deixando de esclarecer, claro, que, segundo Gabeira, Serra seria o aliado mais natural no segundo turno (nas palavras do deputado verde foi "aliado menos ruim", mas vai saber o que diz o dicionário de sinônimos da editora [1º de] Abril).

Particularmente, vejo com simpatia essa candidatura de Marina Silva. Para mim, seria uma boa opção para não votar no ilustre Branco no primeiro turno. Mas sejamos sensatos, eleição só começa com os programas eleitorais; até lá, Marina estaria mais para Cristóvam Buarque. Pegaria os votos das pessoas que estão cansadas das brigas de casal de PT e PSDB. Claro que seria um duro golpe no PT, claro que tiraria votos de Dilma Lula da Silva, mas creio que Marina precisaria de muito mais para ir para o segundo turno com Serra. Quem sabe uma mãozinha da relevante Veja? Dessa sim, parafraseando a filósofa tucana Regina Duarte, tenho medo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A mãe de Mução vs. Dilma

O governo foi dar uma rolo compressor e tentar passar por cima da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, por ela ter feito nada mais nada menos do que o seu trabalho e iniciado uma investigação sobre uma suposta manobra fiscal feita pela Petrobras para pagar menos impostos. Se a manobra era ilegal ou não, cabe à Receita esclarecer, o fato é que o governo achou que a investigação contra a Petrobras serviu de munição nas mãos da oposição para criar a CPI da Petrobras e mandou Lina embora, independentemente do sucesso ou não de seu trabalho à frente da Receita Federal.
Com o que o governo não contava era com o fato de que Lina, além de coroa enxuta e mãe do humorista Rodrigo Emerenciano, o Mução, fosse virar uma pedra no sapato da candidata/ministra Dilma Rousseff Lula da Silva. Segundo Lina, em dezembro do ano passado, Dilma a teria convocado para uma reunião reservada onde a ministra teria feito um pedido para agilizar uma auditoria nas empresas da família Sarney. Dilma nega o encontro, diz que nunca se reuniu a sós com Lina Vieira.
O problema é que agora quem entrou no balaio de gato foi a chefe de gabinete da Receita, Iranete Weiler, que confirmou que a chefe de gabinete de Dilma esteve na Receita para convidar Lina Vieira para uma reunião reservada com a ministra.
Mais uma vez, Dilma deve negar. Mas fica a pergunta, por que em vez de apenas negar, a Casa Civil não disponibiliza a gravação das placas de carro que entraram e saíram do Palácio do Planalto no dia em que Lina diz que foi o suposto encontro?
Somado ao caso Lina Vieira, o assédio do PV a Marina Silva e a insistência do PSB em lançar Ciro Gomes como o segundo candidato da base à presidência, parece que os próximos dias não vão ser muito tranqüilos para a candidata de Lula.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009


Se Je$u$ Cri$to é o caminho, Edir Macedo é o pedágio


O caminho para a salvação é mesmo muito longo e custoso, que o digam os bispos da Igreja Universal do Reino de Deus. Depois de chute em santa, exorcismos encenados, fiéis doando até a cama na qual dormiam, venda de chaves do céu (nunca pensei que o céu tivesse tantas portas), etc, a justiça abriu processo contra Edir Macedo e mais nove pessoas da cúpula da Igreja Univer$al do Reino de Deus. A acusação é aquilo que todo mundo já sabia faz tempo, Macedo e sua gangue usaram dinheiro de dízimo de fiés não para manutenção dos templos e obras de caridade, mas para benefício próprio, comprando empresas de mídia, das quais a maior estrela do conglomerado controlado pela Universal é a Record, cujas madrugadas estão repletas de sessões de descarrego, exorcismos forjados, da IgrejaUniversal, que paga à Record pelo uso da grade o triplo do que é cobrado pela Rede Globo, cuja audiência no horário é cinco vezes maior do que a da Record.

O mais curioso disso tudo é que, apesar das inúmeras denúncias surgidas contra a Igreja Universal nos últimos vinte anos, sua clientela e, consequentemente, seu faturamento, só fizeram aumentar. O que nos leva a crer que, mesmo que Edir Macedo e e cia. ltda. venham a ser condenados e presos, o que é muito difícil em se tratando de Brasil, isso em nada afetará a miopia voluntária de seus milhões de fiéis. Muito pelo contrário, provavelmente eles farão o mesmo que os fiéis da Renascer, ficarão ainda mais cegos e fortalecerão sua confiança no picareta de Cristo. Afinal de contas, tudo se trata de uma manobra orquestrada pelo capeta que está usando o Ministério Público e a Rede Globo, que está incomodada com o crescimento da Record e tem em seu elenco a filha mais nova do coisa ruim, Xuxa.

Para provar a conspiração contra o bispo Macedo, aqui vai uma cena em que Xuxa, possuída pelo diabo, imita as feições e a voz do bispo para colocá-lo em situação constrangedora perante os inféis sem-vergonha.
Tutti buona gente